Camacan - Bahia - Informações sobre a cidade

Município de Camacan
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Brasão desconhecido Bandeira desconhecida
Hino
Aniversário 31 de agosto
Fundação 31 de agosto de 1961
Gentílico camacaense
Lema
Prefeito(a) Ângela Castro (DEM)
(2009 – 2012)
Localização

15° 25' 08" S 39° 29' 45" O15° 25' 08" S 39° 29' 45" O
Unidade federativa  Bahia
Mesorregião Sul Baiano IBGE/2008
Microrregião Ilhéus-Itabuna IBGE/2008
Região metropolitana
Municípios limítrofes
Distância até a capital 525 km km
Características geográficas
Área 632,926 km²
População 31.113 hab. est. IBGE/2009
Densidade 42,2 hab./km²
Altitude m
Clima
Fuso horário UTC-3
Indicadores
IDH 0,631 médio PNUD/2000
PIB R$ 136.488 mil IBGE/2005
PIB per capita R$ 4.997,00 IBGE/2005

Camacan é um município do estado da Bahia, Brasil. Sua população estimada em 2008 era de 31.133 habitantes. Esse município foi considerado na década de 70 um dos maiores produtores de cacau, mas, no entanto, a praga da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa) devastou e destruiu sua lavoura, em 1989.

Algumas alternativas, como a pecuária, o cultivo de café e seringa diversificaram a economia camacanense. Contudo, a principal atividade continua sendo a cacauicultura, através da enxertia de cacaueiros resistentes às pragas, que substitui, paulatinamente, o velho cacaual doente.

A História do município de Camacan está diretamente ligada à expansão do cultivo do Cacau . Segundo os principais estudos historiográficos sobre esta região, Camacan começou a ser configurada no ano de 1888, quando algumas famílias de Canavieiras, Bahia, começaram a buscar novas terras para o plantio de cacau por dois motivos principais: primeiro, por força das graves cheias do Rio Pardo que comprometiam a produção agrícola de Canavieiras, e, segundo, pelo declínio e desaparecimento dos diamantes do rio Salobro, tornando primordial a necessidade de novas fontes de produção.

Índice

As expedições rumo a Camacan: família Ribeiro

Uma das famílias de Canavieiras que buscavam novas terras para o plantio de cacau, foi a de Leandro Ribeiro. Na realidade, a iniciativa de incursão na mata não foi do próprio Leandro, mas dos seus filhos e netos, nos últimos anos do século XIX. Do casamento com sua esposa, Felipa, o casal teve alguns filhos, entre eles João Elias Ribeiro. Nascido na fazenda Lagos, em Canavieiras, João Elias acompanhou o processo de expansão da cacauicultura e, mais ainda, experimentou as devastações provocadas pelas cheias do Pardo na propriedade de sua família. João Elias Ribeiro, sentindo a necessidade de melhores terras para expansão do cultivo de cacau da sua família, organizou uma expedição para o final do ano de 1888, e início de 1889, aproveitando assim o verão e as melhores condições do clima. O objetivo dessa empreitada era reunir 15 homens para subir de canoa o Rio Pardo até a confluência do Rio Panelão, semeando algumas sementes de cacau naquelas terras mais elevadas, protegidas de enchentes. Porém, João Elias Ribeiro adoece no período da expedição e transfere o comando desta para seu filho mais velho, Manoel Elias Ribeiro, que tinha apenas 19 anos em 1888. Para acompanhá-lo, pede a seu outro filho, Antonio Elias Ribeiro, com 16 anos, que embarque junto com o seu irmão e os outros 15 homens nessa jornada.

A marcha dura pouco mais de trinta dias, e os expedicionários retornam à Fazenda Lagos com o sentimento de êxito. Em 1894, João Elias Ribeiro com a saúde recuperada, retorna com seus dois filhos, Manoel e Antonio, para verificar os resultados da primeira incursão. Comprovada a fertilidade das terras, a família Ribeiro abre a primeira roça de cacau nesta região, exatamente na confluência do rio Panelão com o rio Panelinha – local que viria se chamar posteriormente de ‘Vargito’, por conta das vargens (várzeas) características desta localidade.

Habitantes do território: os Kamakã

É preciso lembrar que, no caso de Camacan, no período anterior à chegada dos plantadores de cacau, a área era habitada pelos índios da etnia Kamakã, de acordo com a tradição oral e a memória oficial do município. O pesquisador João da Silva Campos (1981) confirma a vertente de que os Kamakã residiam neste local. É deste grupo étnico que se originou o nome da cidade, alguns anos depois. A força da economia cacaueira foi significativamente superior diante de povos como os Kamakã, que por se colocarem no caminho da propriedade e da monocultura dos cacauais, foram vítimas da depredação cultural e do extermínio.

Povoamento do ‘Vargito’: o nascimento de Camacan

Em 1914, a devastação provocada pelas cheias do rio Pardo marcou um novo fluxo migratório para o ‘Vargito’. Novas famílias dirigiam-se até a região para plantar cacau e, consequentemente, iam circunscrevendo a área povoada apenas naquela localidade. A localização geográfica de Camacan foi um pouco afastada do ‘Vargito’ e, só mais tarde, ocorreria o seu povoamento. Relatos orais levam a crer que o Doutor João Vargens cedeu parte da propriedade Fazenda Camacan para que fosse formado o núcleo urbano. Entre os anos de 1920 a 1940 começa o desenvolvimento e a sedimentação do plantio de cacau no território de Camacan. Apesar das dificuldades recorrentes, famílias de Canavieiras e de outras localidades expandiram suas plantações para terras cada vez mais distantes e férteis. No final da década de 1940, o local despontava como promissor. Contudo, as autoridades canavieirenses não demonstravam muito interesse no desenvolvimento urbano de Camacan. A partir de 1953, com a elevação à distrito de Canaveiras, a revolta contra a administração municipal ganhou força, uma vez que aqui não havia água encanada, calçamento e rede elétrica. Camacan possuía nada mais que poucas casas de madeira. O censo demográfico realizado em 1960 pelo IBGE já apontava Camacan com 19.698 habitantes.

As etapas do processo de emancipação política de Camacan

O descontentamento da população de Camacan em relação ao descaso da administração canavieirense crescia na mesma proporção da sua admiração à família Moura/Vargens/Ribeiro. Essa consideração derivava tanto pelo poder econômico como pela formação intelectual que estes possuíam, liderados principalmente pelos irmãos José Ribeiro de Moura (Deputado Estadual) e Boaventura Ribeiro de Moura (primeiro prefeito municipal). Um plebiscito foi realizado no dia 11 de junho de 1961, de acordo com o consentimento do governador Juracy Magalhães, para que a população expressasse sua vontade em relação à emancipação. A votação trouxe resultado favorável à municipalização do distrito. Todo o trabalho dos articuladores do movimento pró-emancipação foi configurado em 31 de agosto de 1961, através da Lei Estadual nº. 1.465, e publicado no Diário Oficial do dia seguinte. As eleições para prefeito ocorreriam um ano depois.

Desenvolvimento da Cidade: a força econômica do cacau

As obras de infra-estrutura da cidade iam se consolidando nas gestões iniciais da prefeitura, todas elas representando o continuísmo político dos Moura no poder municipal. A facilidade de angariar recursos, permitia o desenvolvimento da cidade de maneira rápida. De 1977 a 1982, a gestão do prefeito Luciano José de Santana marcou pelas obras de estruturação municipal. Àquela altura, Luciano era considerado o maior produtor de cacau individual do mundo e Camacan já possuía seis agências bancárias facilitando a linha de financiamento e crédito, três mil habitações rurais, dezesseis empresas privadas compradoras de cacau, duas cooperativas além das presenças do ICB e CEPLAC. Luciano Santana iniciou uma série de implementos em Camacan. Ainda por cima, no mesmo ano que ele assumiu o poder executivo (1977) a cotação do cacau chegou à US$ 4.329/tonelada. Foi a maior cotação da história. Dessa forma, grandes obras de infra-estrutura como a urbanização da cidade, ampliação da Avenida Doutor João Vargens, construção de escolas, pavimentação de ruas e esgotamento sanitário foram executadas. Foi também nessa gestão municipal que os caciques políticos camacanenses resolveram instituir a ‘Festa do Cacau’, em comemoração à data de emancipação política do município. A festa tinha por objetivo realizar uma comemoração que fizesse jus ao porte econômico de Camacan. A exuberante produção camacanense, que no ano de 1983 atingiu um milhão e trezentas mil arrobas de cacau em amêndoas, gerava uma conjuntura econômica favorável, proporcionando a auto-suficiência dos produtores e a reproduzindo como nunca a ideia do ‘eldorado’. Segundo o IBGE, a população de Camacan era de 40.498 moradores, sendo que 25.538 habitavam a zona rural do município em 1980. Assim, a prefeitura urbanizava a cidade com poucas dificuldades: um novo acesso de Camacan até a BR-101, além de jardins, um estádio de futebol, colégios e um novo prédio para a Prefeitura Municipal foram construídos na década de ‘80.

Conjunturas e desestabilização econômica de Camacan

A partir de 1986 as taxas ascendentes da inflação; a estagnação dos preços internos; os impactos sobre os encargos financeiros ao crédito; além dos reajustes dos preços da mão-de-obra e de insumos provocados pelos malogrados planos econômicos do país, afetaram diretamente a economia cacaueira entre 1986 e 1989, além disso, houve ainda uma prolongada estiagem neste período. O grande ‘golpe’ para a desestruturação financeira da lavoura cacaueira de Camacan, foi o advento da vassoura-de-bruxa em 1989. Essa doença, causada pelo fungo Crinipellis perniciosa, desenvolve-se nas brotações, flores e frutos jovens do cacaueiro, e prejudica o crescimento da planta, trazendo, consequentemente, grandes prejuízos econômicos. A crise dura há quase duas décadas, e alterou drasticamente a vida sócio-econômica e política camacanense. Os reflexos desta crise são visíveis na expulsão dos habitantes da zona rural; no desemprego dos trabalhadores rurais; nas mudanças das relações políticas e sociais dos cacauicultores descapitalizados; na degradação do ecossistema, com a derrubada dos remanescentes da Mata Atlântica; na publicação de dois decretos de ‘Calamidade Pública’; e na deterioração do espaço urbano municipal. Os impactos da crise constituíram os contratempos ao período imediatamente anterior ao colapso econômico da cacauicultura camacanense – momento em que o município mantinha uma produção exuberante e uma economia significativa na Região Cacaueira.

Curiosidades da História

1) A data de emancipação: Interessante é o fato das comemorações pela emancipação municipal terem sido realizadas durante anos no dia 29 de agosto. Havia até uma avenida batizada com essa data. Só há poucos anos foi feita uma alteração, contudo, continuou equivocada: 30 de agosto. Até o ano de 2006, as festividades foram realizadas com base nessa data, erradamente. A verdadeira data da assinatura da municipalização de Camacan é 31 de agosto, uma vez que, foi neste dia, no ano de 1961, que o Governador da Bahia assinou a autorização da emancipação política de Camacan, através da Lei Estadual nº. 1.465.

2) Reportagem do Jornal da Bahia (1977): Na data de comemoração da emancipação política de Camacan, o governador Roberto Santos esteve no município para as festividades e, também, para inaugurações. Sua visita teve cobertura do Jornal da Bahia, que publicou em seu jornal um caderno especial sobre Camacan, onde destacava: “a cidade era a mais rica do Estado, pois a Prefeitura Municipal tinha a maior receita da época (21 milhões de cruzeiros); tinha a maior produção de cacau do mundo, com 1.300.000 arrobas, superando Ilhéus em 15 mil arrobas. Paradoxalmente, Camacan tinha o maior custo de vida do Estado. O quilo da carne de boi era o mais caro da Bahia: Cr$ 60! As escolas estaduais não tinham professores, porque o salário não pagava nem o aluguel de uma casa simples em Camacan. O mais barato custava Cr$ 4.000,00 e o salário oferecido era de 3.800,00 cruzeiros...

3) O técnico de futebol que mais tempo permaneceu no cargo: Antônio Ribeiro de Castro, o popular "Santinho", passou mais de 50 anos como técnico do Sport Club Ypiranga. Ele foi um dos fundadores e principal colaborador do clube, sendo técnico entre os anos de 1952 a 2003. O Ypiranga existe até hoje e nunca deixou de disputar os torneios da Liga de Camacan. Foi, por muitos anos, o principal time da cidade, participando de muitas competições da região e do Estado da Bahia. Atualmente a sua família tenta homologar este recorde no Guiness Book (ou livro dos recordes), sediado em Londres, Inglaterra.

4) A vassoura de bruxa em Camacan: O primeiro foco da doença foi verificado exatamente na fazenda do Prefeito, o maior produtor de cacau do município, em 1989. Luciano José de Santana era considerado o maior produtor individual de cacau não só em Camacan, mas, no mundo. O conjunto de suas propriedades alcançava impressionantes marcas de produção anuais, ultrapassando as 100.000 arrobas de cacau em amêndoas, na década de 1980.

5) Os rios Panelão e Panelinha: segundo a tradição oral e algumas pesquisas antropológicas, a denominação “Panelão” vem da cultura dos índios Kamakã, pois seu ritual fúnebre consistia em pôr o corpo dos mais velhos em “panelas” de barro e, assim, lançados ao rio, iriam ao descanso. Os curumins (crianças) eram postos em “panelas” menores e no pequeno afluente do rio Panelão, cujo nome ficou conhecido como rio Panelinha.

Notas

  1. ? Nota ortográfica: Segundo as normas ortográficas vigentes da língua portuguesa, este topônimo deveria ser grafado como Camacã. Prescreve-se o uso da letra "ã" para palavras de origem macro-jê, designando um povo natural da região. Ao longo dos anos, a grafia foi alterada para camakam, camacam e finalmente para camacan. Do mesmo vocábulo vem camacã, espécie de árvore.
Quem nasce em Camacan é camacaense
Fonte: Wikipédia
Previsão do tempo em Camacan/BA

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